Por ser um hábito muito difundido na sociedade, o consumo de bebidas alcoólicas é tema recorrente de estudos científicos, que avaliam tanto seu impacto psicológico e social quanto os efeitos para o organismo. Trata-se de um costume tolerado – afinal, o álcool não é considerado droga – e, por essa entre outras razões, sua ingestão é estimulada pela facilidade de acesso ao produto e por insistentes campanhas publicitárias.
Diferente do que sugerem as mensagens contidas nas propagandas, que associam a bebida alcoólica a uma vida jovial, alegre e repleta de conquistas, no mundo real o consumo regular traz riscos efetivos à saúde. Diversos trabalhos científicos relacionam esse hábito à elevação de certos tipos de câncer. Um estudo recente realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) junto a 26 mil pacientes que passaram por aquela instituição nos últimos dois anos e meio revelou que aproximadamente 11% (2.800 pessoas) informaram serem dependentes de bebidas alcoólicas. Desse grupo, 36% (1.008 entrevistados) apresentaram tumores na região da boca e da garganta.
Segundo explica o dr. Cid Gusmão, oncologista do Hospital do Coração (HCor), o tabagismo é a principal causa de câncer nessas regiões, mas há estudos consistentes que mostram o aumento do risco quando a esse hábito se soma o consumo de bebidas alcoólicas.
O levantamento do ICESP também confirmou uma conhecida relação entre álcool e câncer de fígado. Conforme assinala o dr. Cid Gusmão, o câncer de fígado está relacionado, na grande maioria dos casos, à cirrose hepática, doença que tem como uma das suas principais causas o abuso na ingestão de bebidas alcoólicas.
O consumo de álcool também eleva o risco de câncer de mama. Um trabalho desenvolvido pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos apurou que duas doses diárias de bebida alcoólica aumentam os níveis de estrogênio no corpo, elevando também a possibilidade de formação de tumores. Com esse grau de consumo, o risco de câncer de mama nas mulheres que estão na pré-menopausa cresce 32% se comparado com a incidência entre as abstêmias. E aparentemente não há diferença entre a bebida preferida, pois o etanol, presente em todas elas, é o vilão da história.
Para reduzir esses riscos, especialista recomenda muita moderação e consciência no consumo de álcool, especialmente quando associado ao tabagismo. E ao diminuir as doses, se obtém o ganho adicional de diminuir a possibilidade de contrair uma série de outras doenças – neurológicas e gástricas, por exemplo – e a ocorrência de problemas sociais provocados pela ingestão de álcool, o que inclui envolvimento em atos violentos e acidentes de trânsito.
Portal Hospital do Coração