O que é VSR

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Febre baixa, tosse e coriza anunciam que um resfriado está chegando, não é? Nem sempre. Facilmente confundido, o VSR – vírus sincicial respiratório – atinge crianças e adultos e é responsável pela maior parte dos casos de bronquiolite em menores de 2 anos. Para essa faixa etária, a atenção deve ser redobrada porque, além desses sintomas, a virose provoca também falta de ar e chiado e pode exigir internação.

Segundo o estudo BREVI (Brazilian Respiratory Virus Study), o VSR é responsável por 66,7% dos episódios de hospitalização de bebês prematuros. Para chegar a esses dados, os pesquisadores acompanharam 303 bebês nascidos de até 35 semanas de gestação, em três centros de pesquisa diferentes: um em Porto Alegre (MG), um em Curitiba (PR) e outro em Ribeirão Preto (SP). Cada bebê foi monitorado pelo período de um ano. Primeiro, foram identificados 8 principais vírus associados a infecções respiratórias graves. Entre os quatro mais severos, o VSR ocupou a primeira posição, mostrando-se o mais frequente, seguido do rinovírus, do bocavírus e do metapneumovírus.

Grupos de risco

Além dos prematuros, crianças cardiopatas e portadoras de doença pulmonar crônica merecem atenção. Enquanto, nos adultos, a doença causada pelo VSR provoca um quadro que se assemelha a um simples resfriado, nesse grupo de risco a infecção por esse vírus é muito grave. “Essas crianças têm imunodeficiência e suas vias respiratórias são minúsculas”, diz Renato Kfouri, pediatra e neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP) e diretor da Sociedade Brasileira de Imunização.

Segundo também explica o professor e pesquisador Marcus Jones, da Faculdade de Medicina da PUC-RS e co-autor do estudo BREVI, “o órgão dessas crianças não tolera bem o estresse de uma infecção, já que nasce com quase nenhuma ‘reserva’ de respiração, ou seja, não tem uma grande capacidade. Em caso de infecção, o pulmão e os brônquios inflamam, restringindo a passagem de ar – por isso, o chiado no peito e uma dificuldade enorme de respirar”. Por isso, em situações extremas, a complicação do quadro pode levar até a óbito.

Para diminuir a gravidade da infecção, a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM) recomenda para esse grupo específico um tratamento injetável à base de palivizumabe, tipo de anticorpo com ação neutralizante e inibitória do vírus, que deve ser administrado entre os meses de março e setembro, quando a incidência de VSR é maior – o pico ocorre em agosto. O medicamento está disponível no SUS, em todos os estados brasileiros

Contágio

No mundo todo, o VSR representa 33,8 milhões de novos episódios anuais de infecção respiratória no trato inferior (que inclui os pulmões, a traqueia e os brônquios) em crianças menores de 5 anos de idade. Dentre os registros, foram apontados 3,4 milhões de hospitalizações e 66 a 200 mil óbitos (99% deles nos países em desenvolvimento). Estes números são provenientes de uma pesquisa publicada no períodico científico The Lancet em 2010.

Estima-se que 100% das crianças contraiam o VSR até os 3 anos de idade porque, nessa fase, a facilidade de contágio é muito grande. O vírus se dissemina por meio do contato entre as secreções de uma pessoa contaminada e as mucosas de uma pessoa saudável, o que pode acontecer se a primeira pessoa espirrar, tossir ou falar muito perto da segunda. Além disso, o vírus pode sobreviver por até seis horas em superfícies porosas – como as de brinquedos.

 

Prevenção e diagnóstico

O grande problema do VSR é que, ao contrário do que acontece com outras doenças, como a catapora, o corpo não cria imunidade ao vírus após o primeiro contato. “Geralmente, a criança desenvolve bronquiolite aguda, que provoca principalmente falta de ar e chiado no peito. Depois disso, é possível que haja episódios recorrentes, atribuídos ao VSR”, explica a pediatra Patrícia GM Bezerra, do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), de Recife (PE). Por isso, fique atenta a essas formas de prevenção:

• Amamente: o leite materno é fundamental para fortalecer o sistema imunológico da criança;

• Fuja de aglomerações de pessoas;

• Evite o contato das crianças com adultos que apresentem sintomas de resfriado ou gripe;

• Mantenha seu filho longe de fumaça de cigarro. O tabagismo passivo irrita as vias aéreas e favorece a infecção.

Vale lembrar que outra dificuldade desse vírus é o diagnóstico, que só pode ser comprovado a partir de exames laboratoriais. “Como a bronquiolite começa com um quadro de gripe simples, a mãe precisa observar se o bebê está respirando com dificuldade”, alerta Jones. Caso isso aconteça, é hora de procurar ajuda urgente. O mesmo vale para quando ele não conseguir se alimentar direito.

Meses de maior risco do VSR

O grande avanço em relação à prevenção contra o VSR são os estudos que mapeiam o processo de disseminação do vírus, estabelecendo quais são os períodos em que a doença começa a se espalhar. Nos países de estações bem definidas, como os Estados Unidos, o vírus costuma circular durante as estações de outono e inverno – apesar disso, ele não está vinculado a baixas temperaturas.

No Brasil, o período de proliferação do VSR começa na região norte, entre o fim de dezembro e o começo de janeiro, depois, avança em sentido sul. No nordeste, o VSR chega por volta de março, coincidindo com o período de chuvas. Mais tarde, ele atinge as regiões sudeste e sul, normalmente entre os meses de junho e agosto.

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