Nos últimos anos ficou claro que a apneia do sono, uma condição que desorganiza os movimentos respiratórios, é um dos principais distúrbios do sono. Essa síndrome é caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono, causando apneia ou hipopneia.
Segundo a literatura médica especializada, entende-se por apneia a interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca por um período de pelo menos dez segundos e, por hipopneia, uma redução de 30% a 50% desse fluxo.
O número de episódios de apneia-hipopneia por hora de sono é chamado de índice de distúrbio respiratório. Pessoas com índices maiores do que 5 já são consideradas portadoras de apneia do sono, embora pacientes com índices de até 20 sejam raramente sintomáticos.
Mais de 10% da população acima de 65 anos apresentam apneia obstrutiva do sono e até mesmo crianças podem apresentar apneia do sono em 1% a 3% dos casos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a apneia atinge mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo.
Os sintomas mais comuns são episódios visíveis de interrupção da respiração e sono excessivo durante o dia. Além, claro, do ronco, que pode ser excessivamente alto e interferir com o sono dos outros. Portadores de sintomas mais graves costumam acordar com sensação de sufocamento, refluxo esofágico, boca seca, espasmo da laringe e vontade de urinar.
A fragmentação da arquitetura do sono provoca cansaço, dificuldade de permanecer acordado durante atividades sedentárias, como conversas telefônicas ou dirigir automóvel, irritabilidade, depressão, redução da libido, impotência sexual e cefaleia pela manhã (uma das manifestações mais frequentes da síndrome). Mas tem mais.
De acordo com uma nova pesquisa da Universidade Médica de Taipei, a apneia do sono é um fator de risco também para glaucoma de ângulo aberto.
O estudo retrospectivo obteve informações a partir de dados recolhidos em toda a população e descobriram que aqueles que tinham sido diagnosticados com apneia do sono eram 1,67 vezes mais propensos a ter glaucoma de ângulo aberto, nos cinco anos após o diagnóstico, do que aqueles sem a condição de apneia.
O glaucoma afeta quase 60 milhões de pessoas no mundo e é a segunda principal causa de cegueira. Se não for tratado, reduz a visão periférica e, eventualmente, pode causar cegueira por danificar o nervo óptico.
Embora estudos anteriores demonstrem um aumento da prevalência de glaucoma, este estudo, o primeiro a calcular o risco de glaucoma entre as pessoas com transtorno do sono após diagnóstico, determinou que apneia obstrutiva do sono não é simplesmente um marcador para a saúde debilitada, mas, na verdade, é um fator de risco independente para o glaucoma de ângulo aberto.
A relação entre as duas condições é significativa, dado o grande número de pessoas no mundo que sofrem com ambas.
Fonte: Saude Visual