Considerada uma das mais predominantes doenças do sono, estima-se que a apneia possa atingir até 7% dos portugueses. Esta perturbação interrompe momentaneamente a respiração dos doentes enquanto dormem, tendo graves consequências na sua vida pessoal, familiar e profissional. Além disso, pode afetar diretamente as funções cardiovascular, metabólica e imunitária dos envolvidos, realça Rute Sampaio, doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho e autora de vários estudos sobre a temática.
No âmbito do seu doutoramento, a investigadora acompanhou durante seis meses 206 doentes com prescrição para utilizar o aparelho CPAP, que, através de uma máscara facial, imprime uma pressão de ar ao longo da noite, impedindo a obstrução das vias respiratórias. Num dos estudos, a amostra foi dividida em três grupos, respetivamente os que têm uma adesão razoável, boa “pelo menos quatro horas por noite durante cinco dias da semana” e excelente ao tratamento.
Os resultados demonstraram melhorias significativas na qualidade de vida dos doentes mais assíduos. Admitem passar uma noite sem sintomas e sentir-se melhor no dia seguinte”, garante a autora. Ainda assim, confessa que “os níveis de adesão aos tratamentos são sempre mais baixos do que o expetável, algo que também acontece com as restantes doenças crónicas”, disse Rute Sampaio, lamentando o fato de ainda não existirem estudos nacionais com o número exato de doentes.
Sonolência excessiva provoca milhares de acidentes rodoviários diagnosticada muito recentemente, a apneia do sono decorre do estreitamento da faringe, o que provoca a redução ou inibição do fluxo respiratório durante o sono. As paragens respiratórias, normalmente de dez segundos, podem acontecer até cinco vezes por noite.
A falta de oxigenação cerebral resultante da diminuição ou paragem da respiração gera um despertar súbito, que nem sempre é recordado pelos envolvidos. Ao acordar, os doentes têm “a sensação de uma noite mal dormida”. “Além de ser uma das principais causas de hipertensão e irritabilidade, a apneia do sono está associada a uma sonolência diurna excessiva, estado que afeta a performance profissional e o ambiente familiar, já que perturba, também, a noite do companheiro, que acorda assustado com os seus sobressaltos e roncopatia”, explica a psicóloga.
Estas pessoas são frequentemente descritas como “mal-humoradas” acrescenta. Em situações extremas, a apneia poderá ter uma relação estreita com a depressão, sobretudo no caso das mulheres, ou, então, provocar acidentes rodoviários mortais. “Conduzir sob efeito de privação de sono pode ser mais perigoso do que dirigir embriagado”, salienta Rute Sampaio, recordando que dados epidemiológicos recentes concluem que cerca de 20% destes acidentes devem-se a estados de sonolência excesso.
Fonte: Correio do Minho