Intensidade da musculação faz com que ela seja benéfica ou não

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Nada de exagerar nos pesos e na frequência: Isso pode prejudicar o crescimento e causar lesões.

Muitos adolescentes querem fazer musculação para ficarem “bombados” e melhorar a autoestima. Os médicos, no entanto, jogam um balde de água fria em quem pretende ganhar muita massa muscular nessa idade: não pode exagerar, diz o ortopedista do Hospital Samaritano, Marcelo Acherboim.

Na adolescência, a musculação é benéfica apenas se for feita com cargas leves e o treino elaborado por um profissional competente.

Feitos sem critério, os exercícios podem trazer consequências sérias. “É uma fase delicada da vida, porque o corpo está em desenvolvimento. A preocupação é com a cartilagem de crescimento, na ponta dos ossos. Quando há muita pressão, pode gerar um processo inflamatório que interfere no crescimento normal do corpo”, explica Acherboim.

Leia também: Conheça 6 grandes erros da musculação

Além disso, o esforço de ficar forte e musculoso pode ser em vão, explica Ricardo Nahas, médico do esporte e ortopedista do Hospital 9 de Julho. “A primeira coisa que faço ao ver em uma criança ou adolescente que quer ganhar massa muscular é olhar o pai e a mãe. Se eles são magrinhos e fininhos, pouco musculosos, dificilmente o filho ganhará massa.”

Só um pouquinho, pode

Para quem vai fazer musculação com acompanhamento de um ortopedista ou médico do esporte, a recomendação é puxar ferro no máximo duas vezes por semana, com bom senso e carga leve, já que dessa maneira é possível melhorar o tônus muscular, recomenda o ortopedista do Hospital Samaritano.

O médico do esporte do Hospital 9 de Julho, Ricardo Nahas, também defende cargas leves, mas que podem variar de acordo com a idade do adolescente. “Tem adolescente que já está produzindo hormônios, com o corpo desenvolvido.

​​​Quando a rotina esportiva é mais pesada do que deveria ou quando os exercícios físicos não são feitos de forma adequada podem dar origem às chamadas Lesões Traumáticas Crônicas do Esporte. Como o próprio nome diz, tratam-se de lesões causadas por microtraumas durante a prática esportiva e que se perpetuam de forma crônica devido à repetição dos movimentos ou das condições que as causam. “Essas lesões podem variar desde bolhas na pele até fraturas ósseas causadas por estresse. Elas são fruto, geralmente, do volume excessivo de treinamento sem tempo de recuperação adequado e cada uma dela tem suas particularidades”, afirma o médico do esporte do Hospital 9 de Julho, Ricardo Nahas.

Ele exemplifica: uma pessoa que queira perder peso rapidamente e decida associar uma dieta muito restritiva a um volume exagerado de treinamentos físicos pode vir a desenvolver alguma Lesão Traumática Crônica. “Se a pessoa inicia uma dieta pobre em termos de calorias e fraca nos aspectos nutricionais, ao mesmo tempo em que dá início a uma rotina sobrecarregada de exercícios, pode deixar o organismo mais propenso à ocorrência de fraturas por estresse, por exemplo. Outros problemas que podem derivar disso são tendinites e sinovites, dependendo da região submetida a esforço em excessivo”, explica o médico. A tendinite é uma inflamação dos tendões. Já as sinovites são inflamações da membrana sinovial, que é o tecido que reveste as principais articulações.

Pessoas que estão muito acima do peso devem tomar cuidados específicos antes de iniciar uma rotina esportiva. “As articulações dos membros inferiores têm uma relação muito direta com o peso que elas suportam. Então ao invés de iniciar uma atividade aeróbica como a corrida, por exemplo, para perder peso, esse paciente deveria optar por outra atividade a princípio, como o ciclismo. Dessa maneira não sobrecarregará demais as articulações e diminuirá a chance de lesões”, explica ele.

Em resumo, para prevenir as lesões crônicas é necessário um bom planejamento do treinamento físico. “É preciso calcular bem a intensidade, a duração e a frequência semanal dos treinos”, diz Nahas. Ele comenta que uma situação muito comum é a do atleta que já pratica um esporte há muito tempo e é obrigado a parar por um tempo por conta de uma lesão. Ao retornar à atividade, ele não pode iniciar com o mesmo volume que tinha antes. “Se ele não toma esse cuidado, submete o corpo a uma quantidade de esforço superior a que tem capacidade naquele momento. É preciso um tempo para a readaptação ao esporte, deve ser uma volta gradual”, afirma Nahas.

Outro cuidado para evitar as lesões está na atenção às roupas e aos calçados utilizados para o esporte. “Há algum tempo era usual treinar com roupas plásticas para perder peso mais rápido. Essas roupas, porém, provocam desidratação, provocando desequilíbrio eletrolítico do corpo e com isso facilitando a ocorrência de cãibras e de hipertermia (elevação excessiva da temperatura corporal, por exemplo)”, afirma Nahas.

Além das lesões crônicas, quem pratica exercícios de forma inadequada também pode sofrer com as chamadas lesões agudas. “Elas são mais dramáticas porque chamam mais atenção. É o caso do jogador de futebol que quebra a perna em campo por causa, por exemplo, do choque com outro jogador” explica o médico.

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