O hormônio TSH, produzido pelo cérebro, tem a função de regular a atividade tireoidiana. Se ele está em excesso ou em falta, a tireoide produz doses diminutas ou altíssimas do hormônio T4 — é o hipo ou o hipertireoidismo, respectivamente. Contudo, às vezes a alteração do TSH não é tão intensa e, assim, mal mexe com o T4. A isso se dá o nome de hiper ou hipotireoidismo subclínico. Acontece que um estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, mostra que mesmo essas condições já podem bagunçar a saúde cardiovascular.
O trabalho revelou que mulheres com um aumento do TSH, mas sem variações significativas no T4, apresentaram uma piora nos índices de colesterol e em um marcador ligado a disfunções cardíacas e ao diabete. Mais de 3 300 voluntárias com idade média de 57 anos foram analisadas pela pesquisa, sendo que todas estavam livres de doenças.
Os cientistas descobriram que, entre as participantes, 17,3% manifestavam hiper ou hipotireoidismo subclínico. Em uma entrevista, o cientista brasileiro Paulo Henrique Harada, que fez parte da investigação, afirma que elas eram aparentemente saudáveis. “Apesar de, neste estágio, as pessoas habitualmente não apresentarem sintomas, suspeita-se que tais problemas estejam atrelados a maior risco futuro de doenças cardiovasculares e diabete tipo 2”, ensina.
Essa não é a primeira vez que esse tipo de encrenca é associado a males preocupantes. Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Marília, no interior de São Paulo, já relacionaram o hipertireoidismo subclínico a complicações cardíacas e infartos. Posteriormente, uma conexão foi estabelecida até com a osteoporose.
Os exames que avaliam a saúde da glândula
Para descobrir como anda a tireoide, não há muito segredo. Dois exames de sangue dosam os hormônios associados a essa glândula, importante para o funcionamento de todo o organismo – em excesso, eles provocam o hipertireoidismo e, quando andam em baixa, estão associados ao hipotireoidismo.
Enquanto o TSH é produzido no cérebro para estimular o funcionamento da tireoide, o T4 é secretado por ela mesma. Hoje em dia, a análise do T4 total está caindo em desuso. É que os médicos preferem analisar o T4 livre, que é uma espécie de sobra do hormônio em circulação.
Para que servem os exames
O TSH é mais específico e, por isso, considerado padrão-ouro na avaliação da glândula. Os exames são usados no diagnóstico de disfunções como o hiper e o hipotireoidismo, quando a tireoide funciona rápido ou devagar demais, respectivamente.
Como são feitos
A pessoa fica em jejum por cerca de quatro horas no caso da medição do TSH e, no mínimo, por três horas para o T4. Depois, o técnico colhe uma amostra de sangue e envia para análise no laboratório.
Os resultados
O laboratório quantifica os hormônios presentes na amostra e, no laudo, o resultado vem junto com valores referência de normalidade para comparação. Os números variam de laboratório para laboratório. Esses são os do Fleury Medicina e Saúde:
TSH – 0,45 a 4,5 mUI/L
T4 Livre – 0,6 a 1,3 ng/dL
Valores abaixo ou acima desses podem indicar problemas.
Periodicidade
A dosagem do TSH é usualmente incorporada no checkup anual das mulheres a partir dos 35 anos e, depois dessa idade, repetido de cinco em cinco anos. Mas há controvérsias sobre a necessidade de pedir esses exames quando não há sintomas que indiquem panes na tireoide. Já o T4 livre só costuma ser indicado caso haja uma alteração nos valores de TSH.
Cuidados e contraindicações
Algumas situações podem interferir nos resultados, como a ingesta de hormônios tireoidianos sintéticos. Nesse caso, a coleta tem que ser feita antes de tomar o medicamento ou quatro horas depois.
Indivíduos que consomem suplementos com biotina devem suspender o uso três dias antes da coleta de sangue. Fatores como gravidez, idade fértil, presença de anemia e insuficiência cardíaca também precisam ser ponderados pelo médico na hora de interpretar os resultados.
Referências: Médicos, livros e site de saúde.
Leia mais sobre hipotireoidismo no site do Ministério da Saúde