200 cientistas no mundo inteiro criam mapa genético da depressão
Cientistas encontraram 44 genes associados à condição; 30 deles inéditos. Iniciativa de 161 instituições foi publicada na ‘Nature Genetics’ e abre caminho para terapias mais específicas.
Depressivos são eficazes para o tratamento, mas não para todo mundo. Mapeamento genético pode ajudar no desenvolvimento de novas teraias (Foto: Getty Images)
Como foi o estudo
Pesquisadores mapearam dados de 135 mil pessoas com depressão maior (a mais incapacitante) e também de 344 mil pessoas saudáveis.
Além dos 44 genes associados à depressão, pesquisadores encontraram outros 153 genes relacionados a outros transtornos mentais.
Desses outros genes encontrados, os cientistas descobriram que seis deles contribuem tanto para o surgimento da depressão, quanto para a maior ocorrência de esquizofrenia.
Um outro ponto curioso do estudo é que alguns genes associados à depressão também foram relacionados à qualidade do sono, à insônia, ao cansaço e à tendência à obesidade.
Dá para dizer que a depressão tem os genes como causa?
Genes têm um peso na depressão, mas não a determinam, dizem os cientistas. Isso significa dizer o seguinte: se uma pessoa tem genes associados à doença, ela tem maior risco de desenvolvê-la, mas isso não quer dizer com certeza que esse indivíduo será depressivo.
Em outras doenças, a genética é mais determinante. É o caso da doença de Huntington, que tem como primeiros sintomas alterações de humor, mas vai lentamente progredindo para demência, problemas de fala e coordenação motora. Trata-se de uma doença hereditária causada por uma mutação do cromossomo 4. Essa mutação mata gradualmente células cerebrais.
No caso da depressão, o gene não é tão determinante, mas pesquisas dizem que, em casos realmente severos, a hereditariedade tem um peso de 40% a 50%. Outros estudos mostram que fatores como abuso sexual ou a perda do pai ou da mãe na infância também são “gatilhos” para que a condição se desenvolva.