Para quem nunca ouviu falar pode soar estranho, mas existem cremes anti-rugas, com minúsculas cápsulas de vitamina A, que camuflam marcas de expressão; calças que depilam as pernas; peças de roupas que vêm com hidratante; uniformes de exército com sensores eletrônicos à prova de balas e capazes de estancar hemorragias.
Células-tronco: a nova esperança de curaToda essa tecnologia hoje é realidade e foi demonstrada, pela primeira vez na década de 50, pelo físico americano Richard Feymann. Na época, ele defendeu a possibilidade de construir pequenos dispositivos compostos por elementos infinitamente pequenos, mais precisamente na escala nanométrica, medida por um nano – que equivale à bilionésima parte do metro. Duas décadas depois, na Universidade de Tóquio, o professor Norio Taniguchi denominou nanotecnologia esse novo conceito de criar produtos e processos a partir da manipulação de átomos e moléculas.
As partículas são milhares de vezes menores que um fio de cabelo, mas podem apresentar a resistência do aço
As possibilidades da nanotecnologia são imensas porque os átomos, quando na escala nanométrica, mostram características específicas como maior tolerância à temperatura, condutividade elétrica e força além do esperado. As partículas são milhares de vezes menores que um fio de cabelo, mas podem apresentar a resistência do aço.
A serviço da medicina
No campo da saúde, a chamada nanomedicina é considerada por muitos especialistas como o grande trunfo para o futuro: as expectativas são as maiores chances de identificar e destruir células doentes ou regenerar tecidos destruídos.
Os nanorrobôs atuariam dentro do corpo, introduzidos por via oral ou intravenosa. Sua função seria buscar células tumorais ou infectadas por vírus e destruí-las. Esse “nanoexército” poderia também exercer a função dos medicamentos convencionais: as nanopartículas potencializariam os processos químicos dos medicamentos, isso porque atuariam direto na lesão ou na célula doente.
Por demonstrar-se promissora, a tecnologia recebe investimento alto. Até 2015, está previsto US$ 1 trilhão, quantia destinada às investigações em esfera mundial. Os centros de pesquisas que já dominam as primeiras técnicas estão na Alemanha, na França e principalmente nos Estados Unidos, que desenvolveu – por meio de seu Instituto do Câncer – um grupo de pesquisas específico: a Aliança pela Nanotecnologia no Câncer.
Estamos nos dedicando ao estudo das nanopartículas de ferro, uma alternativa promissora para ajudar no diagnóstico de diversas doenças, como o mal de Parkinson
O Brasil mobiliza esforços para estudos na área com o apoio de universidades e grandes centros de pesquisa, incluindo o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, onde as investigações se concentram inicialmente na área de diagnósticos.
“Estamos nos dedicando ao estudo das nanopartículas de ferro, uma alternativa promissora para ajudar no diagnóstico de diversas doenças, como o mal de Parkinson”, explica Edson Amaro Jr., radiologista do Departamento de Imagem e pesquisador do Instituto do Cérebro, do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa. Na prática, o conhecimento desse universo de possibilidades ainda é muito recente e requer mais pesquisas.
Publicada em outubro / 2007
Atualizada em agosto / 2009
Fonte: Hospital Israelita Albert Einstein.