Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que em 2011 as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 17 milhões de mortes no mundo. No Brasil, cerca de 300 mil pessoas morrem vítimas de doenças cardiovasculares. Até 2030, mais de 23 milhões de pessoas morrerão anualmente em decorrência da doença no mundo.
No próximo domingo, 29 de setembro, é celebrado o Dia Mundial do Coração. Por aqui, a Sociedade Brasileira de Cardiologia apresenta novas orientações sobre o limite saudável do LDL no sangue. Antes o normal era de até 100 miligramas por decilitro para pacientes com alto risco de doenças cardiovasculares — aqueles que têm histórico familiar ou que associam tabagismo com hipertensão, por exemplo. Agora a luta deve ser para ficar abaixo de 70 miligramas.
Veja algumas pesquisas, dados, curiosidades e dicas para manter a saúde do coração e evitar a primeira causa de mortes no mundo.
Mulheres
Riscos maiores
Homens sofrem três vezes mais infartos, mas as mulheres morrem mais do coração. As possíveis causas, segundo a Dra. Magaly Arrais, cirurgiã cardiovascular do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hospital do Coração, são o estilo de vida moderno, a diferença nos sintomas e a falta de acompanhamento médico.
– O ritmo acelerado expõe ao estresse e favorece hábitos pouco saudáveis, como sedentarismo e má alimentação, que levam ao sobrepeso e à obesidade – explica.
Nas mulheres, a circunferência abdominal deve ter no máximo 80 cm e, a partir dos 40 anos, a recomendação é fazer uma avaliação anual com cardiologista, pois os infartos aumentam no climatério e após a menopausa.
Vilões
Hábitos e genética
Estresse emocional intenso, alimentação irregular, com excesso de sal e gordura, obesidade, sedentarismo, fumo e prática de exercícios sem orientação profissional, além de histórico familiar e predisposição genética são os maiores vilões do coração.
– Controlar os níveis de pressão arterial, a glicose, o colesterol e o estresse, moderar a ingestão de álcool são atitudes que contribuem para um coração saudável – diz o cardiologista Antonio Carlos Till, diretor-médico do Vita Check-Up Center.
Insuficiência cardíaca
9% das causas de morte
Nove por cento das mortes causadas por doenças cardiovasculares são atribuídas à insuficiência cardíaca, quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender às demandas do corpo.
Uma das opções de tratamento é a terapia de ressincronização cardíaca, com dispositivos como marca-passos ou desfibriladores cardioversores implantáveis, que regularizam o ritmo do coração.
– Assim podemos eliminar sintomas desconfortáveis que só poderiam ser corrigidos por meio de um novo procedimento cirúrgico – explica o professor Martino Martinelli Filho, diretor da Unidade Clínica de Marcapassos do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Exercícios
Sob supervisão médica
O diretor técnico de Medicina do Exercício do Hospital Pró-Cardíaco, Ricardo Vivacqua, lembra que o sedentarismo é considerado um fator de risco para doenças do coração tão importante quanto o colesterol elevado, hipertensão arterial ou diabetes.
– Caminhar 30 minutos por dia é uma atividade simples que colabora na redução de 50% dos riscos de doença coronariana aguda – diz.
De acordo com a cardiologista Isa Bragança, diretora da CardioMex, o coração de um atleta treinado trabalha menos para produzir a mesma quantidade de energia, quando comparado com um indivíduo destreinado. Daí a importância da avaliação anual.
– Algumas doenças cardíacas congênitas evoluem silenciosamente. Exercícios intensos podem desestabilizar o músculo do coração, provocando uma parada cardíaca – explica.
Estatinas
Controle do colesterol
Um dos fatores de risco mais comuns para doença cardiovascular é a dislipidemia (alteração do colesterol e/ou dos triglicérides), que responde por 50% do risco de infarto agudo do miocárdio e 25% de derrame.
Recentemente chegou ao Brasil a pitavastatina cálcica, que promete reduzir o colesterol ruim, aumentar o colesterol bom com menos efeitos colaterais em relação às demais estatinas. Outra novidade é o menor nível de interação com outros medicamentos, o que faz a droga mais segura para pacientes que usam vários medicamentos ao dia.
Mas muitos especialistas alertam que investir nos exercícios físicos é uma solução melhor que tomar remédio.
Alimentação
Cinco porções de frutas
De acordo com a nutricionista do hospital Pró-Cardíaco, Jacqueline Farret, a alimentação inadequada é uma das causas de doenças crônicas não transmissíveis, principalmente as cardiovasculares.
Estudos provaram que uma dieta balanceada com pouco sal e açúcar e o consumo de cinco porções diárias de frutas ou hortaliças podem ajudar a reduzir o risco de tais doenças, pois contêm vitaminas, fibras, minerais e ainda outras substâncias, como antioxidantes, que auxiliam a viver mais e melhor.
Cerveja
Beba com moderação
Este ano a diretora do Centro de Pesquisa Cardiovascular de Barcelona, Lina Badimón, veio ao Brasil apresentar o estudo realizado ano passado sobre os efeitos protetores da cerveja no sistema cardiovascular.
O estudo mostrou que o consumo moderado de cerveja é capaz de reduzir a cicatriz no coração provocada por um infarto agudo do miocárdio. E até as versões sem álcool da bebida causam os benefícios ao coração.
Prática esportiva
Novas diretrizes
Este ano as sociedades brasileiras de Medicina do Esporte e de Cardiologia apresentam, no congresso que vai de 28 de setembro a 1º de outubro, no Rio, um documento que demorou três anos para ser preparado com o trabalho de 40 especialistas.
A diretriz tem três capítulos e é um documento que responde às perguntas do médico, orienta sobre a avaliação, exames a serem solicitados, o acompanhamento para verificar a evolução do paciente, evitando que ele se lance sem preparação adequada em desafios como uma maratona ou outra corrida de rua.
Colaboração
KipCor – Cirurgiões Cardiovasculares